Descobrindo Neruda

2015-09-11 13.29.00Por acaso descobri Pablo Neruda. Na última semana visitei Santiago a trabalho (Abrelatam e Condatos) e, no último dia da semana, quando não havia mais encontros e reuniões de trabalho, tive a sorte de poder visitar com uma amiga uma das casas do poeta chileno, La Chascona (fotos).

Estava em busca de algum escritor chileno, mas para todos que perguntei, não consegui recomendações. Para minha sorte, após essa visita e algumas buscas após voltar de viagem, acho que descobri o que vou ler da literatura chilena. Visitando a casa, achei engraçada a constante referência ao mar – parece que temos uma paixão em comum. Na sala principal da casa, também havia um quadro com uma onça-pintada, animal que admiro. Vamos ver o que mais temos em comum.

Confesso que além de conhecer Neruda, a visita a sua casa suscitou mais um desejo, ainda incipiente. Construir uma casa tão bonita quanto a dele. Um de meus sonhos é construir um instituto de pesquisa interdisciplinar e de ensino na beira do mar, algo que sempre brinco planejar lá para meus 50 anos de idade, quando já terei mais experiências e executado projetos menores. A minha sala, com uma rede e uma poltrona, claro, terá sua janela, de preferência toda de vidro, com vista para o mar. A casa de Neruda me inspirou nesse sonho, que se não alcançar algo tão grande quanto um instituto, poderá ser uma casa para receber os amigos e promover encontros para discutir arte, política e ciência.

Em tempo, se der tempo, talvez podíamos fazer um pequeno mutirão no próximo dia 23 para melhorar o verbete sobre o poeta na Wikipédia em português, muito aquém das versões espanhola e inglês, e criar o verbe sobre La Chascona, que só tem em espanhol e inglês. Vou ver se consigo organizar.

Espero estar só começando a conhecer Neruda, assim como quando conheci Borges, que adoro, ao ler O Quark e o Jaguar do Gell-Mann no meu primeiro ano de faculdade, e em breve pretendo conhecer Cortázar, que sempre fui recomendado, mas só agora tive uma recomendação especial, além de ganhar um livro com contos dele durante essa visita.

Quantas boas surpresas!

¿Quién Muere?

Muere lentamente quien no viaja,
quien no lee,
quien no oye música,
quien no encuentra gracia en sí mismo.
Muere lentamente
quien destruye su amor propio,
quien no se deja ayudar.
Muere lentamente quien se transforma en esclavo del hábito
repitiendo todos los días los mismos trayectos,
quien no cambia de marca,
no se atreve a cambiar el color de su vestimenta
o bien no conversa con quien no conoce.
Muere lentamente quien evita una pasión y su remolino de emociones,
justamente estas que regresan el brillo
a los ojos y restauran los corazones destrozados.
Muere lentamente quien no gira el volante cuando esta infeliz
con su trabajo, o su amor,
quien no arriesga lo cierto ni lo incierto para ir detrás de un sueño
quien no se permite, ni siquiera una vez en su vida,
huir de los consejos sensatos…

¡Vive hoy!
¡Arriesga hoy!
¡Hazlo hoy!
¡No te dejes morir lentamente!
¡No te impidas ser feliz


Animals — Animais

Jaguar

I think I could turn and live with animals,

they are so placid and self-contained

I stand and look at them long and long.

They do not sweat and whine about their condition,

They do not lie awake in the dark and weep for their sins,

They do not make me sick discussing their duty to God,

Not one is dissatisfied,

not one is demented with the mania of owning things,

Not one kneels to another,

nor to his kind that lived thousands of years ago,

Not one is respectable or industrious over the whole earth.

Walt Whitman

Creio que poderia transformar-me e viver com os animais,

eles são tão calmos e donos de si.

Detenho-me para contemplá-los sem parar.

Eles não anseiam nem se queixam da própria condição,

Eles não passam a noite em claro, remoendo as suas culpas,

Nem me aborrecem falando de sua obrigações para com Deus,

Nenhum deles se mostra insatisfeito,

nenhum deles se acha dominado pela mania de possuir coisas,

Nenhum deles fica de joelho diante de outro,

nem diante da recordação de outros da mesma espécie que viveram há milhares de anos,

Nenhum deles é respeitável ou desgraçado em todo mundo.

Walt Whitman

Foto: Adrian Jones