Um pouco sobre as condições financeiras de um ex-estudante de iniciação científica

(Publicado originalmente dia 3 de dezembro de 2007 emh ttp://stoa.usp.br/tom/weblog/11172.html)

Na comunidade Física do orkut é recorrente jovens estudantes fazerem perguntas relacionadas a iniciação científica (IC). Na época eu nem sabia da utilidade de um blog, mas eu tinha uma página no projeto Sócrates (link deletado do sistema Stoa, em breve crio post com esse texto em outro lugar), então fiz, há uns poucos anos atrás, essa aqui sobre minha IC. Segue o relato.

No começo de minha graduação no IFUSP eu vivia com meus pais e, sem a ajuda deles nesse começo, ficaria mais difícil eu me dedicar aos estudos o tanto que me dediquei durante a graduação.

Procurei um orientador para fazer IC logo no final do primeiro ano, pois fui informado sobre o que era iniciação científica apenas no final do primeiro ano (Outubro).

Passei minha primeira féria de verão estudando um livro de divulgação de partículas elementares (Alpha, Beta, Gamma, Zeta : a Primer in Particle Physics, L. B. Okun), e penei bastante porque meu inglês não era lá essas coisas e a professora que aceitou me orientar exigia que eu soubesse inglês (sorte minha ter pego a professora Renata como orientadora na época!). Nem todos professores exigem isso, o que acho errado. Temos que saber inglês para nos comunicarmos com a comunidade científica.

Já em meados do segundo ano, depois de alguns meses fazendo IC sem bolsa, foi aprovada uma bolsa do CNPq, que acho que na época era em torno de R$ 240.

Eu decidi sair de casa por conta própria, para ganhar maturidade, nessa época. Junto com meu irmão (que ainda não tinah entrado na USP, mas trabalhava no IFT ajudando – na realidade ensinando – os técnicos de informática de lá) e uma amigo de graduação, alugamos um quarto + sala + cozinha + banheiro próximo da USP por R$ 360.

Comecei também a trabalhar como monitor de informática na sala pró(anti?)-aluno do IFUSP, aumentando a renda mensal para algo em torno de R$ 500, ou um pouco menos. Não lembro ao certo. Fui, de certa forma, obrigado a gostar da comida do bandejão da USP (não gopstava de alguns pratos, mas também, não tenho como comparar com a comidade da mãe, né? :-P), que é bem em conta: R$ 1,90.

Lembro-me até hoje a primeira coisa que fiz quando recebi minha primeira bolsa. Comprei a 3ª ed. do livro de eletromagnetismo do Jackson. Na época o dólar era uma para um com o real, então saiu menos que R$ 90 o livro!

Passei boa parte da minha graduação assim. Eu pagava minhas contas e ainda conseguia assinar uma cadeira na Sala São Paulo e, às vezes, ir a um cinema ou teatro. No começo não consegui assinar a Sala São Paulo, pois não tinha programa para estudante para poder pagar meia, mas acho que minha encheção de saco com a diretora artística de lá ajudou um pouco a mudar a situação (se fossem outros alunos da USP, espalhariam papel de pão na USP culpando o governador pela exclusão dos estudantes na assinatura da Sala São Paulo, não?).

Como a casa dos meus pais não é tão longe, a roupa mionha e do meu irmão era lavada na casa deles.

Morar perto da USP também facilitou muito a vida! Eu ia caminhando para o IFUSP na ida e na volta, com aproximadamente 1h de caminhada diária no total. Alguns amigos meus, que moram no centro de São Paulo, gastavam mais de 2h no trânsito diariamente. Não gosto de perder tanto tempo assim num lugar, em geral, rodeado por tantas pessoas estressadas (ou esmagado dentro de um ônibus, sem poder nem ao menos estudar).

Quando você chega na pós e passa a ganhar entre R$ 900 e R 2000 (depende se fa mestrado ou doutorado e da agência de fomento – FAPESP paga um pouco melhor que o CNPq e CAPES), fica muito mais fácil pagar suas contas. Dá até para morar sozinho, como fiz durante alguns meses.

Dependendo da sua condição financeira, é possível conseguir bolsa alimentação (comer sem pagar no bandejão) e conseguir moradia no Centro Residencial da USP (CRUSP). Não sei quão difícil é conseguir isso, nem quão justos são.

Sendo a USP, não imagino que seja tão bom o processo seletivo. Quanto vagabundo não deve morar no CRUSP e está estudando “a mil anos” na universidade?

Em suma, é possível estudar sem apoio financeiro externo, mas com certo auxílio externo, facilita bastante.

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Qualquer dia relato mais sobre iniciação científica aqui no meu blog. Tentarei lembrar mais alguns dados importantes e re-edito o post acima também.


2 Comentários on “Um pouco sobre as condições financeiras de um ex-estudante de iniciação científica”

  1. olhia disse:

    Oi ,

    Gostei do seu blog. Gostaria de uma ajuda, estou buscando apartamento na região para minha irmã queria saber se tem alguma indicação semelhante aos relatos que fez de moradias ela vai para mestrado.

    Grato.
    Arthur

  2. miracy f.de lima disse:

    ola tom foi muito lindo a sua história que deus comtinui te abemçoando nas suas caminhadas da vida .


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